Nos últimos dias, a ACAPOR (Associação que representa os videoclubes) foi responsável pelo fecho de três sites de partilha de conteúdos online, numa guerra que já dura há bastante tempo, mas que só agora começa a tornar contornos definitivos e dramáticos para estes sites. Aliás, este tema já fez correr muita tinta, nos jornais, como também e principalmente na internet e na blogosfera, com as opiniões a repartirem-se por um sem número de argumentos mais ou menos válidos. Queixa-e a ACAPOR e não só do decréscimo de vendas de filmes e cds de música, da diminuição dos lucros nas bilheteiras do cinema e e eu concordo com isso, tão claros são os números, inequívocos. Mas será essa a principal razão desta perseguição semelhante a uma guerra santa, à inquisição, de quando se matavam pessoas - muitas pessoas - em nome de uma religião, da diferença de credo ou de opinião?
Sabe-se que existem valores financeiros demasiado altos para serem ignorados, não apenas dos direitos de imagem dos artistas mas sobretudo de todos quantos - e são muitos - pertencem a este universo comercial, alimentando-se quase sem dó nem piedade do maior quinhão de receita, deixando para os seus principais intervenientes, actores, cantores, autores, etc, uma pequena parcela que os manterá dependentes de uma indústria que tão depressa cria ídolos como os substitui pelo primeiro fenómeno do youtube que surja. Temo - espero - que do vazio criado por estes sites encerrados se ergam outros, bastantes, mais fortes e perseverantes, que contribuam essencialmente, não para a "morte" do artista português mas para uma internet em que os seus conteúdos estejam ao alcance de todos, pobres e ricos, como corrente de cultura, essa que sem sites como estes que acabaram de encerrar, dificilmente chegaria às nossas mãos ou sequer conhecimento, esses conteúdos dispendiosos no circuito comercial ou que pura e simplesmente, na maior parte dos casos, nem sequer chegam às lojas. Estivessem os livros a um preço mais acessível, fomentasse-se a leitura, colocassem os bilhetes de cinema mais baratos, a pipoca e a coca-cola, aumentassem o poder de compra... mas eu não sei nada de política ou de leis. Sei que os cds e dvds originais têm melhor qualidade do que os pirateados, e dentro do possível aconselho a sua compra, como muitas outras coisas que todos sabemos serem correctas ou fazerem melhor e nós não seguimos. Até lá, como é mais fácil fazer-se juz de uma força desigual, vai-se continuando a eliminar alguns empreendedores independentes como quem tira pedras do sapato - não vá alguma ser pastilha elástica - e deixa-se o fundamental por fazer, por manifesta falta de interesse ou pura e simplesmente por uma conveniência que nada tem a ver com a tão propalada defesa dos direitos dos artistas e dos autores portugueses.
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