Versão brasileira de um dos mais conhecidos contos de Eça de Queiroz, "O Primo
Basílio", de Daniel Filho, é mais um de muitos exemplos do bom cinema que se faz no Brasil.
O elenco traz-nos alguns dos melhores nomes dos últimos anos da televisão brasileira, nomeadamente das telenovelas, desde Debora Falabella (que temos oportunidade de ver actualmente em Avenida Brasil), Fábio Assunção, Reynaldo Gianecchini à brilhante Glória Pires, uma das mais completas actrizes do lado de lá do atlântico.
Aliás, é mesmo Glória Pires - quase irreconhecível na sua caracterização - que consegue os melhores momentos deste filme, no papel de Juliana, a empregada que, descobrindo o romance de Luisa com Basílio começa a fazer chantagem com a patroa, numa divertida troca de papéis.
Sexo, chantagem, drama e tragédia são os principaiss ingredientes deste filme que peca pelo seu tom demasiadamente moralista, sem, no entanto, chegar a dar profundidade a nenhum dos caminhos a que se propõe seguir, como o racismo, quando Juliana diz que não quer ficar no mesmo quarto que a outra empregada porque "preto cheira mal".
As
cenas mais ousadas entre Luísa e Basílio acabam no entanto por limitar um pouco o que poderia
ser um filme para toda a família, considerando-as - não querendo também
ser moralista - exageradas no seu contexto. É a velha fórmula de
cativar audiências pelo apelo da carne, tantas vezes usada nos média.
Dos actores esperava um pouco mais, mas talvez eu tenha elevado demasiado as minhas expectativas, face ao enorme talento, meios e ao muito que já vi de excelente feito no Brasil. Salva-se como já
referi, Glória Pires, que chega a ser agradavelmente insuportável, o que
num vilão é sempre positivo. Fora isso, o filme chega a ser agradável e até interessante, para
quem não espera mais do que uma hora e pouco de bom entretenimento.
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