Revi recentemente e uma vez mais o clássico western Duelo Ao Sol, com Gregory Peck,
Jennifer Jones e Joseph Cotten, nos principais
papéis. A exemplo das vezes anteriores, voltei a achar que o filme não
tem um enredo por aí além - não é um Rio Bravo ou um Shane, apenas para
citar dois dos meus filmes preferidos dentro do género, mas aquele
final!... Quando a mestiça Pearl Chavez vai ao encontro do foragido Lewt
McCanles, não lhe leva apenas o ímpeto selvagem do seu corpo que ele
espera poder domar uma vez mais em seus braços, mas o ódio por alguém
que a levou a deixar de lado a vida nobre de senhora educada com que o
seu pai sempre sonhou, por uma vida desregrada , sucumbindo mais que uma
vez aos prazeres de uma paixão avassaladora que cedo nos apercebemos
que iria conduzi-la para o abismo, aqui na figura da rocha da Cabeça do
Índio, onde os dois acabam por se esvair em sangue depois de uma troca
de tiros que termina num beijo daqueles de ficar sem fôlego. Aí, é
difícil continuar a manter a raiva que tínhamos por um dos raros papéis
de vilão protagonizado por Gregory Peck. O amor, aqui tantas vezes
confundido com o ódio, com a loucura, com o simples mas arrebatador e
inflamado desejo, consegue apagar parcialmente todos os erros anteriores
e levá-lo à redenção, pelo menos aos olhos do espectador. Lembro-me de
Romeu e Julieta e tantos outros amores impossíveis e trágicos da tela e
da vida real onde todos os dias alguém mata por amor ou por ciúmes. Em
Duelo ao Sol, Pearl, como um diabo cheio de tentação e pecado atraiu
Lewt para um sentimento que destruiu toda uma família, um amor daqueles
tantas vezes sonhados, impetuosos e cheios de fogo que raramente nos
passam pelos braços e pelo coração, e que mesmo assim nos deixam tantas
feridas abertas, tanta dor e desilusão.
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