Testemunhos de Miguel Teixeira (“O Lado B da Vida”)
O
convidado desta semana é Miguel Teixeira, o administrador do blogue “O
Lado B da Vida” (carregar na imagem supra para aceder), um espaço de
reflexão pessoal que nos dizeres do próprio entrevistado se inspira na
dualidade da nossa existência e das experiências que vivemos. “Porque na
vida nem tudo é branco ou preto, bom ou mau, verdade ou mentira. Porque
a vida não tem necessariamente de ser aquilo que parece (…) – Miguel
Teixeira dixit. O Miguel é um apreciador de cinema asiático,
principalmente do drama sul-coreano, e tem sido uma presença assídua e
bem-vinda no “My Asian Movies”. Aproveitem e visitem “O Lado B da Vida”,
pois possui uma variedade de assuntos muito interessante, entre os
quais, o cinema.
Abaixo fica o resultado da entrevista.
“M.A.M.”: O que achas que distingue genericamente a cinematografia oriental das demais?
Miguel Teixeira : Basicamente
uma extrapolação dos sentimentos levados quase ao limite, tanto no
drama como na comédia e alguma pureza por vezes inocente e infantil que
raramente encontramos nos blockbusters ocidentais.
“M.A.M.”: O que te fascina mais neste tipo de cinema?
M.T. : Tudo
o que mencionei na resposta anterior, como se ainda fosse possível
assistir a bom cinema ainda não corrompido pelos grandes interesses
comerciais, mais preocupados com receitas de bilheteira ou com o
egocentrismo pseudo-intelectual de certos realizadores. Não se entende o
cinema asiático, sente-se.
“M.A.M.”: Tens ideia de qual o primeiro filme oriental que visionaste?
M.T. : O “Tigre e o Dragão” e “Herói”,
que foram aliás os precursores de uma maior aposta por parte das
distribuidoras em relação ao cinema oriental. Aliás, odiei esse primeiro
contacto. Felizmente fui perseverante, mas o mercado nacional ainda
continua a apostar muito nesse género de filmes, quando há muito e
excelente cinema de géneros distintos, que infelizmente não chegam ainda
ao grande público.
“M.A.M.”: Qual o país que achas, regra geral, põe cá para fora as melhores obras? No fundo, a tua cinematografia oriental favorita?
M.T. : A
da Coreia do Sul, talvez por terem sido daí os primeiros filmes que me
envolveram sobremaneira, embora tenha começado há pouco a descobrir e a
apreciar filmes de outras nacionalidades como o Japão e mesmo Taiwan ou a
Índia, musicais à parte.
“M.A.M.”: E já agora, qual o género com o qual te identificas mais? És mais virado (a) para o drama, épico, wuxia, “Gun-fu”...
M.T. : Alguma
comédia mas sobretudo drama e romance. A maior parte dos filmes
asiáticos consegue mesclar na perfeição esses três géneros passando de
um para o outro e com igual intensidade, quase sem darmos por isso.
“M.A.M.”: Uma tentativa de top 5 de filmes asiáticos?
M.T. : Já sei que vou ser injusto para com alguns dos meus favoritos, mas assim à cabeça diria: "A Moment to Remember", "Polícia em Fúria", "Windstruck", "Love Me Not" e "A Millionaire's First Love", entre tantos outros.
“M.A.M.”: Realizador asiático preferido?
M.T. : Kwak Jae-Yong.
“M.A.M.”: Já agora, actor e actriz?
M.T. : Jackie
Chan, entre os actores, e uma escolha difícil entre elas, com Vicki
Zhao Wei, Jeon Ji-Hyeon ou Moon Geun-Young, com uma ligeiríssima
vantagem para a primeira.
“M.A.M.”: Um filme oriental sobrevalorizado e outro subvalorizado?
M.T. : Sobrevalorizado
e segundo uma opinião muito pessoal "O Tigre e o Dragão", apesar de ter
recuperado de certa forma o cinema oriental aos olhos do ocidente. Já
subvalorizado é complicado dizer, já que boa parte dos meus preferidos
nunca teve edição em Portugal. Talvez "A Moment To Remember".
“M.A.M.”: A difusão do cinema oriental está bem no teu país, ou ainda há muito para fazer?
M.T. : Há
muito por fazer, porque a maior parte das pessoas ainda identifica o
cinema oriental com o género wuxia ou o de terror, o que obviamente
limita o número de apreciadores. Devia haver uma maior aposta, assim
como no cinema brasileiro. No entanto, é de louvar algumas pedradas no
charco como o lançamento do excelente “Windstruck” (“Sempre ao Teu
Lado”, na versão nacional).
“M.A.M.”: Que conselho darias a quem tem curiosidade em conhecer o cinema oriental, mas sente-se algo reticente?
M.T. : Arriscar e ser perseverante. Eu não me arrependi.
entrevista dada por mim ao blog My Asian Movies, um dos grandes responsáveis pela divulgação do cinema asiático em Portugal, a 3 de Março de 2010.
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