"Esta noite, receberemos os melhores e mais brancos, uh, quero dizer, os mais inteligentes"
E foi assim que tudo aconteceu, com o habitual frenesim do desfile da red carpet, onde o papel da mulher continua nos Oscars como na vida a não ter o devido relevo, pouco mais do que um objecto decorativo numa perspectiva extremamente sexista e machista que não dá sinais de mudança apesar dos anos decorridos e da evolução das mentalidades desde a idade das cavernas. Nada de relevante ainda na apresentação esforçada mas sem grandes brilhantismos, como não ficou o registo de quaisquer quedas dos nossos actores preferidos. Na retina ficou apenas a polémica sobre a diversidade ou falta da mesma, da descriminação que alegadamente a Academia faz aos negros na indústria do cinema ao não nomear nehum actor ou realizador não branco nesta edição dos Oscares, em que os cerca de 6 mil membros da Academia aproximadamente 93% são brancos, 70% são homens e a média de idades ronda os 63 anos. No entanto e segundo as estatísticas é apenas a segunda vez desde 1998 que os brancos dominam as categorias de interpretação, embora este ano o facto ganhe outra dimensão pelas polémicas que nos últimos meses têm envolvido os Estados Unidos em confrontos de cariz racial ou nem por isso. Não será falta de diversidade, não será racismo ou descriminação, falso moralismo nos dias de hoje quantificar seja o que for, valorizar segundo a cor ou sexo de uma pessoa esquecendo o mais importante, ou sejam, as suas qualidades? Será justo que num governo de um qualquer país tenha de haver um número distinto de homens e mulheres independentemente das suas aptidões, só porque é moralmente justo e fica sempre bem para a opinião pública? Isso não é diversidade, moralmente correcto, é política.
Um bom actor, um bom político, uma boa pessoa não tem cor, sexo nem idade e os prémios como neste caso os Oscares são como os treinadores de futebol sempre críticados pelas suas opções e escolhas porque felizmente em cada um de nós continuam a existir gostos e opiniões diferentes, nem certas nem erradas, apenas diferentes. Concordando ou não resta-nos respeitar, num exercício não apenas feito de coração mas também de cabeça, porque no fundo e como no futebol isto é apenas um jogo de milhões para proveito de uns poucos, apenas um jogo. A vida é, tem de ser muito mais do que 90 minutos, do que uma noite de Oscares.
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