Entre o riso e o choro, o drama da vida ou a comédia a cores ou a preto e branco. A verdade escondida que nos faz pensar e crescer, meras coincidências que nos dizem tanto ou quase nada, momentos bem passados de preferência partilhados, numa boa companhia e num pacote de pipocas.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A CULPA É DAS ESTRELAS


Josh Boone traz-nos com A Culpa é das Estrelas a versão cinematográfica do livro de John Green com o mesmo nome, apenas o seu segundo trabalho como realizador. O filme conta o encontro e o envolvimento entre Augustus Waters, um jovem amputado de uma perna, cujo maior medo é não ser lembrado e Hazel Grace Lancaster, uma doente terminal que se mantém viva graças a uma droga experimental, ambos vítimas de um dos maiores flagelos deste século. O cancro, visto aqui pelos olhos dos dois jovens, famíliares e amigos, é o final implacável mas também o inimigo a quem enfrentamos com um sorriso nos lábios como na metáfora do cigarro que Augustus traz sempre consigo, embora apagado, como que querendo desmistificar tabus. Afinal, uma pistola só é uma arma quando alguém pressiona o gatilho, nunca a pistola em si. 
O filme é um romance daqueles que nos fazem chorar, mas isso seria uma forma simplista de o caracterizar, e relegaria para segundo plano todo um humor inteligente e mordaz - Augustus diz a dada altura:“Não parecemos muita coisa, mas aqui nós temos cinco pernas, quatro olhos, e dois pares e meio de pulmões funcionais…” , e por vezes uma perspectiva positivista de encarar uma doença como o cancro sem o pessimismo do que é inevitável e definitivo, mas a oportunidade para decidirmos como queremos passar o resto do tempo que temos, numa espera silenciosa e agodizante, vendo a vida a passar do lado de lá da janela ou simplesmente fazendo parte dela no lado certo dessa janela que separa os vivos daqueles que morrem prematuramente mesmo antes do fim. O amor - mesmo que com os dias contados - é sempre uma opção, mesmo que o tempo que nos levará invariavelmente a todos de volta ao pó acabe por apagar as memórias de quem um dia fomos e do que quisemos ser, a todos sem excepção, cancerosos ou não, brancos ou pretos, populares ou perfeitos desconhecidos, todos seremos esquecidos por aqueles que nos seguiram e nos idolatraram, mas nunca por quem nos amou, porque não há no universo dor maior  - nem mesmo a doença - que perder alguém que amamos.  Com um elenco principal tendo por base jovens quase desconhecidos (Ansel Elgort entrou na nova versão de Carrie e  juntamente com Sahilene Woodley contracenaram em Divergente), é nos papéis secundários que se encontram os nomes de peso como Laura Dern e Willem Dafoe, também eles preponderantes neste belíssimo filme. Imprescindivel para aqueles que sabem o que é ter alguém a quem gostam mais do que de si próprios. Ok?

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