2014 está a terminar à semelhança dos grandes filmes de suspense, cheio de incógnitas, de pontas soltas, de inumeráveis "ses" que podem virar a trama do avesso. Para melhor? Para pior? Só o grande escritor o poderá dizer, aquele cujo roteiro vamos seguindo diáriamente, realizadores dum filme outrora escrito mas que vamos moldando ao nosso gosto e ao sabor de um vento por muitos chamado de destino. Foram 365 dias de muitos e bons filmes, algumas pipocas também, de rascunhos que não pereceram no papel e a que lhes dei vida. De que vale a vida se não podemos ser heróis dos nossos próprios filmes no interminável guião da vida real? 2015 está à porta e o ano promete no que ao cinema diz respeito. Já no que me diz respeito aqui deste lado, prometo um maior afinco para vos ir deixando informados sobre o que por aqui vou assistindo, com opiniões nem sempre consensuais mas sinceras, mas não fique por aqui, já que a vida é muito mais do que um filme assistido em boa companhia assistido na segurança dessa janela virtual que é a televisão. Há vida no lado de lá dessa janela, onde cada cena tem o cheiro e o sabor que só a vida nos oferece. Claro que a dor existe e ao contrário do cinema machuca, fere-nos tantas vezes sem que estejamos preparados, mas a vida é isso, é feita de altos e baixos, de momentos de grande prazer mesclados aqui e além por pancadas violentas que nos ensinam a ser mais fortes e a dar o justo valor a cada nova conquista. Aí, para lá dessa janela, onde tantas vezes os vilões passam confundidos por heróis, pode até nem haver duplos, mas certamente num ou outro lugar por mais recôndito, há uma donzela por resgatar, um final feliz por que lutar, um sonho por realizar. Um Feliz Natal e um próspero ano novo, amigos e amigas.
Entre o riso e o choro, o drama da vida ou a comédia a cores ou a preto e branco. A verdade escondida que nos faz pensar e crescer, meras coincidências que nos dizem tanto ou quase nada, momentos bem passados de preferência partilhados, numa boa companhia e num pacote de pipocas.
quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
O DIA DA PURGA - Ficção ou Realidade?
The Purge é um daqueles filmes que, sem ser um grande filme - longe disso -, deve deixar-nos preocupados, devido à sua mensagem de uma violência gratuita e atroz em que as semelhanças com a realidade são muito mais do que simples coincidências. James Sandin ( Ethan Hawke, que já tinha trabalhado com o realizador James DeMonaco em Assalto à 13ª Esquadra) e Lena Headey são os protagonistas deste filme numa América futurista (2022) onde a solução para uma crescente e incontrolável onda de crimes deu origem a que o governo tomasse medidas radicais como o dia da purga, doze horas especialmente dedicadas à violência e onde todos podem extravazar todos os seus instintos mais selvagens, toda a pressão acomulada durante um ano, cometendo desde simples agressões a assassinatos indiscriminadamente ou sobre as pessoas de quem não gostam, sem que a polícia, médicos ou bombeiros se intrometam no desenrolar dos acontecimentos por mais graves que estes sejam. Sandin e a família, compreendendo e respeitando como todos em geral a necessidade deste dia, fecham-se todavia na sua casa especialmente fortificada para o efeito, esperando o final das doze horas, mas a entrada de um intruso leva ao desencadear de ocorrências imprevistas e que fogem ao controlo dos Sandin e os levam a ter uma participação inesperadamente activa neste dia. O que poderia ser apenas mais um filme violento e sem grande sentido é também um sério aviso sobre os perigos de uma sociedade em que cada vez mais matamos ou destilamos ódio pelos motivos mais insignificantes quase sempre resolvidas de um modo pouco racional. Ao contrário da maioria - que escolheria virar a cara para o lado perante alguém a ser atacado - o filho de James resolve acolhê-lo, abrindo uma brecha na muralha física mas também psicológica dos Sandin, colocando a sua família num perigo evitável, que se torna voluntário quando perante os perseguidores a família opta por não o entregar a uma morte certa,e os leva a tornarem-se também eles presas neste jogo da caça e do caçador, como ainda os leva a questionarem-se sobre os valores morais, razões e consequências deste dia. Esta decisão mostra a réstea de humanidade e de esperança numa sociedade cada vez mais perto dos seus instintos básicos não obstante séculos de evoluçao a que nem sempre corresponderam o racionalismo e o saber estar em sociedade. A realidade aumentada aos olhos de DeMonaco é rude, crua mas os sentimentos não são fictícios, muito pelo contrário. Quantas vezes abrimos os jornais e lemos sobre o assaltante que matou - sem necessidade - as suas vítimas, da pessoa que matou o patrão, do irmão que matou irmão, do filho que tirou a vida ao pai, do homem que matou a ex-mulher por ciúmes, ou tantas vezes por futilidades difíceis de compreender e ainda mais de aceitar. Quem nunca falou ou pensou mal de alguém, de um político, de um vizinho, de um "amigo" ou colega com palavras mais ou menos agressivas? Quanto tempo de evolução nos separará a nós do dia da purga?
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